A primeira infância é a fase mais importante do desenvolvimento humano. Esse fato não apenas é aceito pelos educadores como também é comprovado pela ciência. Isso significa que a Educação Infantil é o nível escolar que carrega a maior responsabilidade pela formação do indivíduo.
Muita gente acredita que a Educação Infantil exerce um papel de subordinação em relação ao Ensino Fundamental, servindo simplesmente como uma etapa de preparação. Pensar assim é um erro. A vivência escolar na primeira infância é a base de uma longa trajetória – por isso, deve ser planejada com muito cuidado.
“Os cientistas confirmam que, nesse período da infância, o ser humano aprende mais do que aprenderá ao longo da vida”, explica a professora Hannyni Mesquita, coordenadora da Educação Infantil do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) do Colégio Positivo.
Segundo a professora, o programa pedagógico para a Educação Infantil nas escolas deve permitir o desenvolvimento e a aprendizagem própria da faixa etária em questão. “Adotar esse olhar global significa respeitar o processo de formação da criança, o que trará impactos positivos em toda a sua vida, inclusive no âmbito escolar”, completa.
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A função das escolas, portanto, é criar uma metodologia muito específica para a Educação Infantil. Esse não é ainda o momento de trabalhar conteúdos, mas sim objetivos de aprendizagem e desenvolvimento – os quais são a base para a vida. “Temos que nos lembrar de que são crianças no início da vida, e que por enquanto elas devem ser somente educadas e não ensinadas”.
Esse é o motivo pelo qual a nomenclatura oficial, de acordo com o MEC, é Educação Infantil, e não Ensino Infantil. É importante que as instituições de ensino da educação básica compreendam que, apesar de não terem autonomia, as crianças são inteligentes e também criam cultura, contribuindo com saberes e conhecimentos.
Seja no ambiente familiar ou no escolar, o melhor jeito de educar é aquele baseado no cuidado. A criança precisa entender o que é humanidade e ter a liberdade de se manifestar, física e emocionalmente. “A escola não deve enfileirar as crianças – seus corpos e suas mentes precisam habitar todos os espaços da escola, e não só a sala de aula”, diz Hannyni.
Para que a educação seja completa, é necessário que a família também faça a sua parte. Os pais devem ser participativos e manter-se abertos e interessados em dialogar. O professor é o profissional especializado na infância – portanto, podem confiar que ele saberá definir as melhores estratégias para proporcionar uma formação humana de qualidade.
Muitas vezes a brincadeira é banalizada ou desconsiderada, mas acredite: ela é uma ferramenta educativa fundamental. O brincar – seja no ambiente familiar ou escolar –possibilita descobertas e diversos tipos de aprendizado, constituindo a base para desenvolver qualidades e habilidades como:
– Autoconhecimento: quando brinca, a criança cria uma imagem positiva de si mesma e aprende a perceber e verbalizar suas sensações. Isso contribui para a formação da inteligência emocional.
– Criatividade: as brincadeiras permitem que a criança expresse suas percepções de mundo, combinando e construindo objetos e elementos, interagindo e resolvendo problemas.
– Comunicação: para brincar com os amiguinhos é importante escutar com respeito e atenção. Nessas ocasiões, a criança aprende a dialogar, negociar, argumentar, falar com sequência lógica e a fazer associações e inferências.
– Investigação: o incentivo à pesquisa começa aqui. Brincar é divertido e pode também ser um trabalho de investigação do mundo ao redor. A criança aprende a levantar e testar hipóteses e a coletar e registrar dados.
– Saúde física e mental: pular, correr, se equilibrar, recortar, pintar, abraçar, escalar e aprender a cair são ações típicas de qualquer brincadeira, essenciais para o desenvolvimento saudável do corpo e da mente.
– Consciência ambiental: muitas brincadeiras permitem o contato com elementos naturais, como a água, a terra, a areia, as plantas… Essa interação reconecta a criança à natureza, tornando-a consciente da importância do meio ambiente.
– Compreensão da vida comum: propor brincadeiras que envolvam literatura, arte, música, escrita, números e imagens, por exemplo, é uma forma de introduzir a criança ao ambiente cultural e social.