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Adolescentes querem ser ouvidos, alertam especialistas

A popularização da internet, as mudanças sociais no país e a falta de políticas públicas de combate ao suicídio são os motivos apontados por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) para justificar o aumento desproporcional do suicídio entre adolescentes que vivem nos grandes centros urbanos do país: 24% de 2006 para 2015. O estudo, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, mostra que a depressão é a chave e o fator de risco para o suicídio.

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Para o professor Paulo de Lima, que ministra a disciplina de Formação Humana, do Ensino Médio do Colégio Positivo, é preciso desenvolver a inteligência emocional desses adolescentes, que, além de passarem por mudanças hormonais e particularidades típicas da fase, estão cada vez mais expostos aos problemas do mundo adulto.

A disciplina de Formação Humana foi criada em 2019 no Colégio Positivo e, embora não tenha nota, é obrigatória. Com duas aulas mensais de 45 minutos cada, os alunos aprendem sobre identidade e autoconhecimento, projeto de vida, autoestima, inteligência emocional, entre outros temas. “Levamos temas geradores, mas também é um espaço para ouvi-los. Alguns assuntos que discutimos não necessariamente estavam no planejamento das aulas, mas é importante dar essa abertura pra eles”, conta o professor.

Lima começa a aula de um jeito diferente: com cinco minutos de meditação, com todos os alunos em uma roda. “É um momento para eles se conectarem, justamente porque a parte responsável pela atenção do cérebro não é totalmente desenvolvida com 16 ou 17 anos. Por isso, é essencial pararmos alguns minutos para direcionarmos a atenção deles para aquele momento. Os 40 minutos restantes são de silêncio e tranquilidade”, conta. Segundo Lima, alguns estudantes gostaram tanto do resultado que passaram a praticar meditação em casa, antes de estudar.

De acordo com o professor, essas aulas abrem espaço para os jovens pararem para pensar e olharem para dentro. “Eles estão em um ritmo de vida que simplesmente vão vivendo, sem pensar e, com a disciplina de Formação Humana, passaram a entender melhor suas próprias questões. Nessa fase da vida, é preciso ver e, de fato, enxergar os problemas dos adolescentes e ouvi-los – porque, muitas vezes, é só o que eles precisam”, alerta. A disciplina abriu espaço, inclusive, para alguns jovens procurarem a equipe de Psicologia do colégio para expor problemas pessoais.

As habilidades socioemocionais estão contempladas na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É essencial ensinarmos essas competências ainda na educação básica, já que é nessa fase que eles estão aprendendo. É na escola onde eles têm desafios, que aprendem a socializar e que entendem que frustrações fazem parte da vida. Assim, formaremos adultos mais conscientes de suas emoções e ações”, finaliza Lima.

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